quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Heródoto de Halicarnasso


Para começar as postagens do blog irei me valer do pai da História, para que bons ventos sejam trazidos. Colocarei um trecho do Livro I de Heródoto(Clio) no qual é apresentada a origem da inimizade entre Gregos e Persas, que mais tarde iria se transformar em conflito armado, as guerras médicas.
Ao escrever a sua História, Heródoto de Halicarnasso teve em mira evitar que os vestígios das ações praticadas pelos homens se apagassem com o tempo e que as grandes e maravilhosas explorações dos Gregos, assim como as dos bárbaros, permanecessem ignoradas; desejava ainda, sobretudo, expor os motivos que os levaram a fazer guerra uns aos outros. Por este motivo Heródoto é considerado Pai da História, pois o mesmo quebrara o paradigma de seu tempo, ou seja, passou a escrever a história dos homens não dos Deuses e grandes heróis. O trecho do Livro I escolhido demonstra exatamente sua vontade de expor diferentes pontos de vista na sua escrita:

"I — Os Persas mais esclarecidos atribuem aos Fenícios a causa dessas inimizades. Dizem eles que esse povo, tendo vindo do litoral da Eritréia para as costas do nosso país, empreendeu longas viagens marítimas, logo depois de haver-se estabelecido no país que ainda hoje habita, transportando mercadorias do Egito e da Assíria para várias regiões, inclusive para Argos. Esta cidade era, então, a mais importante de todas as do país conhecido atualmente pelo nome de Grécia. Acrescentam que alguns fenícios, ali desembarcando, puseram-se a vender mercadorias, e que cinco ou seis dias após sua chegada, quase concluída a venda, grande número de mulheres dirigiu-se à beira-mar. Entre elas estava a filha do rei. Esta princesa, filha de Inaco, chamava-se Io, nome por que era conhecida pelos Gregos. Quando as mulheres, postadas junto aos barcos, compravam objetos de sua preferência, os fenícios, incitando uns aos outros, atiraram-se sobre elas. A maior parte delas logrou fugir, mas Io foi capturada, juntamente com algumas de suas companheiras. Os fenícios conduziram-nas para bordo e fizeram-se à vela em direção ao Egito.

II — Eis como, segundo os Persas — nisto pouco de acordo com os Fenícios — Io veio parar no Egito. Essa questão foi o início de todas as outras. Acrescentam os Persas que, pouco depois, alguns gregos, cujos nomes não gravaram, vieram a Tiro, na Fenícia, e raptaram Europa, filha do rei. Eram, sem dúvida, Cretenses. Ficaram, assim, quites os dois povos, mas os Gregos tornaram-se depois culpados de uma segunda ofensa. Dirigiram-se num grande navio a Aea, na Cólquida, sobre o Faso, e, ultimados os negócios que ali os levaram, arrebataram Medéia, filha do rei, e tendo esse príncipe enviado um embaixador à Grécia para exigir a entrega da filha e a reparação da injúria, responderam-lhe que, como os Colquidenses não haviam dado nenhuma satisfação pelo rapto de Io, eles não o dariam absolutamente pelo de Medéia."

Fontes: Livro I (Clio), Heródoto de Halicarnasso

7 comentários:

  1. Nada melhor do que começar pelo início de tudo. A proposta do blog parece ser muito boa e ao longo do tempo esperamos render frutos! Gostei do post pois está simplesmente bem detalhado e não muito extenso. Continue nesse nível e crie uma periodicidade de postagens para não "desorganizar" seu material.

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  2. Hérodoto para começar...
    Simplesmente único como sua habilidade no quiesito história.Mto bom termos um Blog de alta qualidade como este para que se possa levar a todos uma história de qualidade!!!Ficou ÓTIMO DI!!!!
    Bjão!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Caro amigo, você foi muito feliz e competente. Em escolher falar sobre a origem da inimizade entre Gregos e Persas no seu blog. Um aluno exemplar, não poderiamos esperar outra coisa.
    Um grande abraço e sucesso sempre na bela carreira.

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  5. Nooooussa, eu lembro que eu tive que procurar uma sentença no original grego do "Clio" pra colocar num trabalho... o problema é que os caras que usam essa sentença modificam ela um pouco: em vez de "tòn eónta légein lógon" ("falar o discurso como foi"), eles usam "ta eonta legein" ("dizer as coisas como foram")... pra achar... nem Ctrl+F deu jeito... huahuahuahuahua!!!
    Também, né, é isso que dá: ser historiador e ainda estudar Grécia...
    ;P
    Teu blog tá muito legal, não abandone ele (como eu fiz com meu blog...)!
    BJKS!!!

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  6. Muito boa iniciativa Diogo.
    E bom saber que no futuro terei como companheiro de luta um intelectual como você.
    Abraços

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  7. Diogo, meus parabéns sensacional a questão de demônio bem como a postagem do Felipe Castanho. Enfim continue assim com estudos claros e objetivos. Abraços Valvan Chagas

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