domingo, 28 de fevereiro de 2010

A liberdade feminina nos monastérios medievais

Na idade média as mulheres tinham um papel secundário na sociedade, principalmente por causa da interpretação da Curia católica com relação ao pecado original, que no período medieval era atribuida às mulheres, tendo eva como primeira pecadora. A maior parte do imaginário lendário medieval com relação ao demônio tinha a mulher como protagonista. Sendo a pessoa que cai na tentação para Lúcifer ou como a pessoa que convence o homem e bom fiel a cair na tentação das artes das trevas.
O único papel que as mulheres poderiam desempenhar na sociedade medieval fora do claustro era o de esposa e provedora de filhos, peças fundamentais na economia rural do alto medievo, excluia-se assim a possibilidade do estudo fora do claustro para as mulheres, as poucas instituições de ensino fora dos monastérios eram exclusivamente masculinas.
As mulheres do medievo só podiam ter acesso ao mundo letrado se estivessem dentro de um monastério, a maioria das mulheres passavam parte da sua vida, antes do casamento em um monastério para conservar sua virgindade e aguardar o casamento, muitas acabavam continuando seus votos, ou seja, ficavam nos monastérios como irmãs de fé. Apesar das mulheres não poderem assumir altos postos na hierarquia da igreja muitas preferiam a liberdade que gozavam no interior dos muros dos mosteiros a vida como esposa, dentro dos mosteiros as mulheres do medievo tinham a chance de estudar as sete artes liberais, em casos de mosteiros mais liberais em mosteiros mais conservadores somente acesso ao estudo do latim e das escrituras sacras. Sendo assim podemos concluir que apesar da repressão instaurada pela igreja o claustro era uma opção viável onde as mulheres tinham liberdades para estudar e escrever e também poderiam redimir-se dos pecados que a igreja lhes instaurava.

fonte:Entre Deus e o Diabo, cap 2: Hildegarda de Bingen

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Heródoto de Halicarnasso


Para começar as postagens do blog irei me valer do pai da História, para que bons ventos sejam trazidos. Colocarei um trecho do Livro I de Heródoto(Clio) no qual é apresentada a origem da inimizade entre Gregos e Persas, que mais tarde iria se transformar em conflito armado, as guerras médicas.
Ao escrever a sua História, Heródoto de Halicarnasso teve em mira evitar que os vestígios das ações praticadas pelos homens se apagassem com o tempo e que as grandes e maravilhosas explorações dos Gregos, assim como as dos bárbaros, permanecessem ignoradas; desejava ainda, sobretudo, expor os motivos que os levaram a fazer guerra uns aos outros. Por este motivo Heródoto é considerado Pai da História, pois o mesmo quebrara o paradigma de seu tempo, ou seja, passou a escrever a história dos homens não dos Deuses e grandes heróis. O trecho do Livro I escolhido demonstra exatamente sua vontade de expor diferentes pontos de vista na sua escrita:

"I — Os Persas mais esclarecidos atribuem aos Fenícios a causa dessas inimizades. Dizem eles que esse povo, tendo vindo do litoral da Eritréia para as costas do nosso país, empreendeu longas viagens marítimas, logo depois de haver-se estabelecido no país que ainda hoje habita, transportando mercadorias do Egito e da Assíria para várias regiões, inclusive para Argos. Esta cidade era, então, a mais importante de todas as do país conhecido atualmente pelo nome de Grécia. Acrescentam que alguns fenícios, ali desembarcando, puseram-se a vender mercadorias, e que cinco ou seis dias após sua chegada, quase concluída a venda, grande número de mulheres dirigiu-se à beira-mar. Entre elas estava a filha do rei. Esta princesa, filha de Inaco, chamava-se Io, nome por que era conhecida pelos Gregos. Quando as mulheres, postadas junto aos barcos, compravam objetos de sua preferência, os fenícios, incitando uns aos outros, atiraram-se sobre elas. A maior parte delas logrou fugir, mas Io foi capturada, juntamente com algumas de suas companheiras. Os fenícios conduziram-nas para bordo e fizeram-se à vela em direção ao Egito.

II — Eis como, segundo os Persas — nisto pouco de acordo com os Fenícios — Io veio parar no Egito. Essa questão foi o início de todas as outras. Acrescentam os Persas que, pouco depois, alguns gregos, cujos nomes não gravaram, vieram a Tiro, na Fenícia, e raptaram Europa, filha do rei. Eram, sem dúvida, Cretenses. Ficaram, assim, quites os dois povos, mas os Gregos tornaram-se depois culpados de uma segunda ofensa. Dirigiram-se num grande navio a Aea, na Cólquida, sobre o Faso, e, ultimados os negócios que ali os levaram, arrebataram Medéia, filha do rei, e tendo esse príncipe enviado um embaixador à Grécia para exigir a entrega da filha e a reparação da injúria, responderam-lhe que, como os Colquidenses não haviam dado nenhuma satisfação pelo rapto de Io, eles não o dariam absolutamente pelo de Medéia."

Fontes: Livro I (Clio), Heródoto de Halicarnasso